sábado, 30 de julho de 2011

Um pouco da História da Ocupação desorganizada a Amazônia brasileira.

Os Grandes Projetos e a Economia Regional
(extraído de Reforço federal)

Os grandes projetos são empreendimentos econômicos voltados para a exploração dos recursos
naturais da Amazônia e se caracterizam pela grandiosidade das construções, pela quantidade de mão-deobra
neles empregada e pelo volume de capital investido. Além disso, são projetos que utilizam tecnologia
avançada e exigem uma infra-estrutura constituída de portos, ferrovias, energia elétrica, aeroportos, núcleos
urbanos etc., para dar apoio ao desenvolvimento dos mesmos.
Esses projetos são considerados verdadeiros “enclaves” na região, pois estão dissociados do
contexto local, são planejados fora da sua área de atuação e muito distante dos interesses e necessidades
da população local.
Que motivos levaram a região amazônica a despertar interesse do Governo e de grandes empresas
para ser o local de instalação dos Grandes Projetos?
O primeiro deles foi o de poder dispor de imensas áreas de terras, o que significa a possibilidade de
utilização do espaço para a instalação desses projetos e da infra-estrutura moderna que eles exigem para o
seu funcionamento. Outro motivo foi o de poder contar com as riquezas naturais existentes em abundância
na Amazônia, bem como o apoio do Governo Federal para implantação desses empreendimentos.
Com essas facilidades, os Grandes Projetos começaram a ser implantados na Amazônia, a partir da
década de 50.

1. PRIMEIROS PROJETOS:

1.1 - O Projeto Manganês (Serra do Navio – Amapá)
A exploração do manganês da Serra do Navio
começou na década de 50, controlada pela Indústria e
Comércio de Mineração S.A. (ICOMI), um consórcio
entre a americana Bethlehem Steel e a nacional CAEMI
(empresa do Grupo Azevedo Antunes). Para viabilizar a
exportação do minério a ICOMI construiu a E. F. Amapá
e o porto de Santana. No início da década de 70, os
altos preços do minério no mercado internacional e o
esgotamento das reservas de alto teor metálico
levaram a ICOMI a construir também uma usina de
pelotização (usina de separação e agregação de
minérios incrustados nas rochas) de manganês na
região.
Em quatro décadas de atividade, a ICOMI extraiu e exportou a totalidade do minério de alto teor
metálico que aflorava na superfície e mais da metade do total da reserva. Os altos custos de exploração do
minério restante e a queda recente dos preços no mercado internacional fizeram com que a Bethlehem
Steel abandonasse o consórcio.
Atualmente, a ICOMI direciona seus investimentos para a extração, beneficiamento e exportação do
minério de cromo presente no Amapá. A empresa está implantando a Mina Nova, na cidade de Mazagão
(AP), para extrair o minério, e uma usina em Porto de Santana, para beneficiá-lo.
Onde fica a Serra do navio?
O geógrafo Marcos Bernardino de Carvalho não se conforma com as abordagens
tradicionais que separam natureza e sociedade e apresenta aos alunos descrições do quadro físico
original das quais está ausente a ação humana:
“ Nos mapas de relevo, as formações aparecem (...) intactas nos seus respectivos lugares,
mesmo que todos saibam que a Serra do Navio, por exemplo, há muito se deslocou para os EUA!
(...) É comum inclusive o argumento de que há de se fazer pequenas ‘concessões’, no caso de
livros didáticos, às editoras, pois estas se preocupam com o vestibular e no vestibular ainda se
pergunta onde fica a Serra do Navio ( e a resposta deve ser Amapá e não EUA) (...)" ”
(Terra livre, n. 1, p. 50)